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domingo, 9 de maio de 2010

Experiências espirituais através do Jejun

1. As experiências espirituais, por mais arrebatadoras que sejam, não nos são normativas. A Bíblia é que o é. O princípio se aplica ao tema do jejum, que nos ajuda a expressar, aprofundar e confirmar que estamos prontos para nos sacrificarmos para alcançar o que buscamos para o Reino de Deus (segundo a definição de Andrew Murray).

2. O jejum é uma prática voluntária, na decisão e na extensão. Muitos, muitísimos, homens e mulheres da Bíblia (e da história cristã) jejuaram (como Davi -- Salmo 35 e 109). No Antigo Testamento, Deus fixa o Dia do Perdão (Yom Kippur), acompanhado de jejum, mas ele não está prescrito em Levítico 16 e 23, que estabelece o Dia do Perdão. Os judeus, já no exílio, criaram outros quatro jejuns anuais (Zacarias 8.19), além de outros jejuns ocasionais. João jejuava regularmente; (Mateus 11.18-19). O jejum não amarra a Deus. Não façamos como os contemporâneos de Isaías, que perguntavam: [Senhor, ] "por que jejuamos (...), ‘e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste?’ (Isaías 58.3)

3. Jesus não recomenda o jejum, mas parte do pressuposto que seus seguidores o fazem e nos adverte do perigo implícito da vaidade que apode acompanhar a abstinência (“Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará" [Mateus 6.16-18]).

4. Jejum não é uma prática constante; a oração, sim. ("Jesus respondeu: “Como podem os convidados do noivo ficar de luto enquanto o noivo está com eles? Virão dias quando o noivo lhes será tirado; então jejuarão". [Mateus 9.14 ; Marcos 2.18-20; Lucas 5.33-35]) Portanto, o jejum espiritual é companheiro da oração. Sem ela, tem efeitos medicinais ou de auto-disciplina, mas não espirituais.

5. Jejum faz parte do processo de santificação, não sua negação. E santificação se evidencia na busca pela obediência a Deus, no relacionamento com Ele (humildade e pureza para a intimidade com Deus) e com o próximo (respeito e misericórdia para a produção da injustiça). É por causa do desvio para o jejum ritualizado que os profetas gritam ("No dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados. Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais. Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto. Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas? É isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao Senhor? O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado,vestir o nu que você encontrou,e não recusar ajuda ao próximo?" [Isaías 58.3b-8]; "Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Os jejuns do quarto mês, bem como os do quinto, do sétimo e do décimo mês serão ocasiões alegres e cheias de júbilo, festas felizes para o povo de Judá. Por isso amem a verdade e a paz”. [Zacarias 8.19])

6. O jejum pode acompanhar, como demonstração concreta, nosso arrependimento dos pecados, nossos e dos outros, como na maior parte dos textos bíblicos relacionados ao tema ("Então todos os israelitas subiram a Betel, e ali se assentaram, chorando perante o Senhor. Naquele dia jejuaram até a tarde e apresentaram holocaustos e ofertas de comunhão ao Senhor" [Juízes 20.26]; "Quando eles se reuniram em Mispá, tiraram água e a derramaram perante o Senhor. Naquele dia jejuaram e ali disseram: “Temos pecado contra o Senhor” [1Samuel 7.6a]; "Então Esdras retirou-se de diante do templo de Deus e foi para o quarto de Joanã, filho de Eliasibe. Enquanto esteve ali, não comeu nem bebeu nada, lamentando a infidelidade dos exilados" [Esdras 10.6] ; "No vigésimo quarto dia do mês, os israelitas se reuniram, jejuaram, vestiram pano de saco e puseram terra sobre a cabeça" [Neemias 9.1]; "Quando Acabe ouviu essas palavras [de que era abominável diante de Deus por sua infidelidade], rasgou as suas vestes, vestiu-se de pano de saco e jejuou. Passou a dormir sobre panos de saco e agia com mansidão" [I Reis 21.27]; "Os ninivitas creram em Deus. Proclamaram um jejum, e todos eles, do maior ao menor, vestiram-se de pano de saco" [Jonas 3.5]; "Decretem um jejum santo; convoquem uma assembléia sagrada. Reúnam as autoridades e todos os habitantes do país no templo do Senhor, o seu Deus, e clamem ao Senhor" [Joel 1.14, Joel 2.12, 15]. "Por isso me voltei para o Senhor Deus com orações e súplicas, em jejum, em pano de saco e coberto de cinza. Orei ao Senhor, o meu Deus, e confessei" [Daniel 9.3-4a]).

7. Podemos precisar de um jejum para entender algumas coisas que acontecem conosco. Neemias jejuou quando soube como estava Jerusalém ("Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus dos céus" [Neemias 1.4]). Paulo agiu assim após a sua dramática conversão. ("Por três dias ele esteve cego, não comeu nem bebeu" [Atos 9.9]).

8. Podemos precisar de um jejum como forma de lamento pelo nosso sofrimento. ("E se lamentaram, chorando e jejuando até o fim da tarde, por Saul e por seu filho Jônatas, pelo exército do Senhor e pelo povo de Israel, porque muitos haviam sido mortos à espada" [ II Samuel 1.12]).

9. Podemos precisar de um jejum como uma forma de intercessão, que é oração pelos outros, dentro e fora da família. Davi orou e jejuou por seu filho e não foi ouvido. ("Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão" [ II Samuel 12.16]); Esdras jejuou em favor de uma missão próxima. ("Ali, junto ao canal de Aava, proclamei jejum para que nos humilhássemos diante do nosso Deus e lhe pedíssemos uma viagem segura para nós e nossos filhos, com todos os nossos bens. (...) Por isso jejuamos e suplicamos essa bênção ao nosso Deus, e ele nos atendeu" [Esdras 8.21, 23]. Ester pediu que orassem e jejuassem porque corria perigo, mas iria agir (“Vá reunir todos os judeus que estão em Susã, e jejuem em meu favor. Não comam nem bebam durante três dias e três noites. Eu e minhas criadas jejuaremos como vocês. Depois disso irei ao rei, ainda que seja contra a lei. Se eu tiver que morrer, morrerei” [Ester 4.16; Ester 4.3; 9.1]).

10. Podemos precisar de um jejum como um tempo de conexão maior com Deus para podermos ser por Ele orientados. ("Alarmado, Josafá decidiu consultar o Senhor e proclamou um jejum em todo o reino de Judá" [ II Crônicas 20.3]; "Estava ali a profetisa Ana. (...) Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite" [Lucas 2.36-37]).

11. Podemos precisar de um jejum quando estamos para tomar uma decisão muito importante, seja no plano individual, seja no plano comunitário, como forma de demonstrar nossa dependência (individual e coletiva) de Deus. ("Enquanto adoravam o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram" [Atos 13.2-3]; "Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado" [Atos 14.23]).

12. Podemos precisar de jejum quando a tarefa a ser executada por nós é maior do que a nossa capacidade e precisamos ser revestidos de mais poder. Embora os discípulos de Jesus regularmente não jejuassem, houve um momento em que Jesus disse que só fariam o que precisassem fazer com oração e com jejum . (“Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: ‘Vá daqui para lá’, e ele irá. Nada lhes será impossível. Mas esta espécie só sai pela oração e pelo jejum” [Mateus 17.20-21]).

13. O jejum de alimento não é para todos. O jejum de alimento é para quem tem saúde capaz de resistir, sem dano, a um longo tempo sem ingestão de comida. Os outros jejuns são para todos. Sem ignorar o valor do jejum de alimentos, alguns de nós precisamos (e esta é uma decisão que vem do coração que se conhece e não se engana) de outros jejuns. Jejum tem a ver com a boca, mas não só com a boca, porque também com os olhos, com as mãos e com o bolso.

14. Quem sabe, alguns precisemos de um jejum de palavras. Jejua de palavras quem, sabendo o poder delas, abstém-se de as dizer. O jejum de palavras termina em não dizer, mas começa em não pensar, que começa em não desejar. Se você não deseja comentar a vida de alguém, aí começa o seu jejum. Se você não pensa mal de alguém, você não fala mal de alguém. Ouça suas próprias palavras e meça como está o seu coração. (Quanto mais penso , mais me convenço: mais e melhor eu falo quando me calo.)

15. De que você precisa jejuar? De alimentos, para não ser dominado por ele e tem mais tempo para Quem deve controlar suas vontades? Jejue deles.

De desejos, que afastam você da busca maior de sua vida? Jejue deles.
De pensamentos de auto-piedade, ao não se sentir amado? Jejue deles.
De sua auto-suficiência, que o torna um idólatra de si mesmo? Jejue dela.
De palavras que sujam? Jejue delas.
De tristeza quando não é reconhecido? Jejue dela.
De que mais? Jejue.
Talvez estas espécies de práticas, de tão enraizadas, só deixarão você com oração e jejum (Mateus 17.21).

Um comentário:

  1. Muito esclarecedor, que o Senhor Deus seja louvado e adorado em espírito e em verdade!
    Que estejamos puros na presença Dele!
    :)

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