Adicione-me no Orkut

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A família não é coadjuvante, mas a principal peça no processo de educar

A família não é coadjuvante, mas a principal
peça no processo de educar
(Deuteronomio 6.1-7)


          Tenho estado preocupado quando estou com a minha filha e esposa no convívio de outras famílias que comungam do excesso em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade transigente dos pais que me criticam por não concordar com tais atitudes. O que tem me chamado atenção é que a sociedade em que nós vivemos está em uma crise de valores éticos e morais sem precedentes. Essa é uma constatação que nada tem de original, pois todos a estão percebendo e vivenciando de alguma maneira. O fato de ser um pastor a fazer essa constatação também não é nenhuma surpresa, pois é na igreja que tem me dado muita preocupação, pois esta prática educacional tem adentrado em nossas Instituições, muitas vezes, ficando em maior evidência infelizmente.
          A igreja precisa discutir o tanto quanto este assunto de falta de limites, desrespeito nas sala de aula da EBD, aos pastores, diáconos aos de mais idade, etc... Nunca se observou tantos lideres desmotivado, cansado, estressado e muitas vezes, doente física e mentalmente. Nunca os sentimentos de impotência e frustração estiveram tão marcantemente presentes na educação da igreja.
          No entanto, apesar das diferentes metodologias hoje utilizadas, os problemas continuam, ou melhor, se agravam cada vez mais, pois além do conhecimento em si estar sendo comprometido irremediavelmente, os aspectos comportamentais não têm melhorado. Ao contrário. Na igreja, a indisciplina e a falta de respeito só têm aumentado, obrigando aos lideres, muitas vezes, assumir atitudes autoritárias e disciplinadoras. Para ensinar o mínimo, está sendo necessário, antes de tudo, disciplinar, impor limites e, principalmente, dizer não. A questão que se impõem é: Até quando a igreja sozinha conseguirá levar adiante essa tarefa? Ou melhor, até quando a igreja vai continuar assumindo isoladamente a responsabilidade de educar junto com a escola secular? Estas questões merecem uma atenção mais pormenorizada, por parte de todos os envolvidos, uma reflexão crítica e cnstrutiva. É, portanto, necessário refletir sobre os papéis que devem desempenhar nesse processo educacional e fundamental da família na formação e educação de crianças e adolescentes.
          “Do ponto de vista da ciência, qual a importância da educação infantil nos primeiros anos de vida? Não há dúvidas de que as experiências da primeira infância influenciam o desenvolvimento da arquitetura do nosso cérebro. Essas fundações interferem na capacidade de aprender, no comportamento, na saúde física e mental, na capacidade de produção econômica e até na responsabilidade social. Por essas razões, discutir a educação é infantil é também discutir o desenvolvimento infantil, porque é preciso entender que não se trata apenas de educação. Não colocamos crianças de um ano sentadas nas carteiras para aprender a ler. Estamos falando da formação de pessoas.” ( Jack Shonkoff, pesquisador de Harvard)
          Em um estudo feito por uma socióloga polonesa revelou que dividimos as pessoas em três grupos Pprimeiro grupo Pessoas são as que aceitamos como nossos semelhantes, com as quais queremos nos relacionar. Segundo grupo Pessoas máquinas são aquelas com quem somos educados porque precisamos delas para suprir alguma de nossas necessidades. O terceiro grupo... Pessoas paisagem são as pessoas que encontramos a cada dia nas ruas, com as quais não temos interesse, ou não têm importância para nós. Sem fazer drama, Vejo algo parecido quando em nossas igrejas, são membros da mesma porém se ignoram em casa , mas, os mesmo que se ignoravam em casa cumprimentam-se na Igreja.
          Voltando a analisar a sociedade ou o meio em que vivemos, observa-se que uma das mudanças mais significativas é a forma como a família atualmente se encontra estruturada. Aquela família tradicional, constituída de pai, mãe e filhos tornou-se uma raridade (se continuar neste ritmo a tendência é sumir). Atualmente, existem famílias dentro de famílias. Com as separações e os novos casamentos, aquele núcleo familiar mais tradicional tem dado lugar a diferentes famílias vivendo sob o mesmo teto. Esses novos contextos familiares geram, muitas vezes, uma sensação de insegurança e até mesmo de abandono, pois a idéia de um pai e de uma mãe zelosa dá lugar a diferentes pais e mães “gerenciadores” de filhos que nem sempre são seus.
          Ademais, essa mesma sociedade tem exigido, por diferentes motivos, que pais e mães assumam posições cada vez mais competitivas no mercado de trabalho. Então, enquanto que, antigamente, as funções exercidas dentro da família eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis, conforme as circunstâncias saem todos os dias para suas atividades profissionais. Assim, observa-se que, em muitos casos, crianças e adolescentes acabam ficando aos cuidados de parentes (avós, tios), estranhos (empregados) ou das
          chamadas babás eletrônicas, como a TV e a Internet e os telefones celulares que só faltam andar, vendo seus pais somente à noite.
          Toda esta engrenagem familiar acaba ficando comprometida, não só entre pais e filhos, mas também entre os próprios pais. E um dos sentimentos mais comuns entre estes é o de culpa. É a culpa que, em sua maioria, impede um pai ou uma mãe de dizer “não” às exigências de seus filhos. É ela que faz um pai dar a seu filho tudo o que ele quer, tendo uma pseudo achismo que assim poderá compensar a sua ausência. É a culpa que faz uma mãe não avaliar corretamente as atitudes de seu filho, pois isso poderá significar que ela não esteve suficientemente presente para corrigi-los. E a ausência trás outros danos como falta de referência de vida.
          Enfim, é a culpa e a vergonha de não estar presente de forma efetiva e construtiva na vida de seus filhos que faz, muitas vezes, um pai ou uma mãe ignorarem o que se passa com eles. Assim, muitos pais e mães acabam tornando-se reféns de seus próprios filhos. Com receio de contrariá-los, reforçam atitudes inadequadas e, com isso, prejudicam o seu desenvolvimento, não só intelectual, mas também, mental, emocional e espiritual.
          Esses conflitos acabam agravando-se quando a igreja tenta intervir. Ocorre que muitos pais, por todos os problemas já citados, delegam responsabilidades à igreja, mas não aceitam com tranqüilidade quando essa mesma igreja exerce o papel que deveria ser deles. Em outras palavras, os pais que não têm condições emocionais de suportar a sua parcela de responsabilidade, ou culpa, pelo mau rendimento educacional ou algum transtorno de conduta do filho, farão de tudo, para encontrar argumentos e pinçar fatos, a fim de imputar aos À outros as suas responsabilidades.
          Assim, observa-se que, em muitos casos a igreja acaba sendo sistematicamente desautorizada quando, na tentativa de educar, procura estabelecer limites e responsabilidades. O resultado desses sucessivos embates é que essas crianças e adolescentes acabam tornando-se testemunhas de um absurdo e infrutífero cabo-de-guerra, entre a sua igreja e a sua família. E a situação pode assumir uma maior complexidade, porque a própria criança, que não suporta reconhecer a responsabilidade por suas falhas, fará um sutil jogo de intrigas que predisponha os pais contra a igreja. Sendo assim, temos um quadro de cristãos maldizentes e intriguentos em sua maior idade.
          Entretanto, é importante compreender que, apesar de todas as situações aqui expostas, o objetivo não é o de condenar ou julgar. Está-se apenas demonstrando que, ao longo dos anos, gradativamente a família, por força das circunstâncias já descritas, tem transferido para Igreja e escolas a tarefa de formar e educar. Entretanto, essa situação não mais se sustenta. É preciso trazer, o mais rápido possível, a família para dentro da Educação Religiosa, como a Chanceler Alemã expos verbalmente em um discurso no Congresso do seu partido, a União Democrata Cristã, ao anunciar que o “problema da Alemanha não passa por um excesso de Islã, mas sim de uma escassez de Cristianismo.” É preciso que a família passe a colaborar de forma mais efetiva com o processo de educar. É preciso, portanto, compartilhar responsabilidades e não transferi-las.
          A família deve, portanto, se esforçar em estar presente em todos os momentos da vida de seus filhos. Presença que implica envolvimento, comprometimento e colaboração. Deve estar atenta a dificuldades não só cognitivas, mas também comportamentais. Deve estar pronta para intervir da melhor maneira possível, visando sempre o bem de seus filhos, mesmo que isso signifique dizer sucessivos “nãos” às suas exigências, quando necessário usar a vara. Em outros termos, a família deve ser o espaço indispensável para garantir a sobrevivência e a proteção integral dos filhos e demais membros.
          Educar, portanto, não é uma tarefa fácil, exige muito esforço, paciência e tranqüilidade. Exige saber ouvir, mas também fazer calar quando é preciso educar. O medo de magoar ou decepcionar deve ser substituído pela certeza de que o amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento de limites e responsabilidades. Deve-se fazer ver às crianças e jovens que direitos vêm acompanhados de deveres e para ser respeitado, deve-se também respeitar.
          Para finalizar esse texto é importante fazer algumas considerações que, se não trazem soluções definitivas, podem apontar caminhos para futuras reflexões. Assim, é preciso compreender, por exemplo, que no momento em que a Igreja e família conseguirem estabelecer um acordo na forma como irão educar suas crianças e adolescentes, muitos dos conflitos hoje observados em nossas assembléias deliberativas, associacionais, nos departamentos, falta de respeito com os pastores, etc... serão paulatinamente superados. No entanto, para que isso possa ocorrer é necessário que a família realmente participe da vida de seus filhos. E, do mesmo modo, deve-se lutar para que pais e igrejas estejam em completa sintonia em suas atitudes, já que seus objetivos são os mesmos: “Uma vida adulta responsável e cheia de objetivos alcançados.”. Devem, portanto, compartilhar de um mesmo ideal, pois só assim realmente estarão formando e educando, superando conflitos e dificuldades que tanto vêm angustiando os líderes da Igreja Local, como também pais e as próprias crianças e adolescentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário